Não é necessário haver língua para que haja palavra. Ou melhor: não é necessário que exista uma multidão de termos (à língua não se impõe responder: “Sou legião”; deste fato decorre que se possa postular que “no início era o Verbo” – qual?), não é necessária uma rede infinita de que cada termo seja um nó, determinado pelos e determinante dos termos contíguos ou longínquos. Só se exige demarcação de sentido. Poderia existir somente uma palavra, que designasse o que designasse (“Sou o que sou”), que constituísse sozinha um lote de significado, uma prece pelo real, um salto que não conclui. Guardaria ela o Algo que capturou e menos deixaria algo de fora (pois seja o que for não seria ainda “algo”, já que não nomeado) do que fundaria um fora. Importante: aqui nós falamos de palavra palavra, não (ou não só) de palavra escrita ou falada. Nisso nos inspiramos em Herder, que falou de outra coisa: basta a confecção na mente.

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