Falava sozinha, encostada à porta do metrô. Encarnava um personagem autoritário, antipático e prepotente, um psicólogo que “estudou muito antes de abrir a boquinha”, que tagarelava sobre eficiência, “missão”, “honraria”, “servir à nação”. O psicólogo disse: “A minha aula foi ruim? Ou foi perfeita?”. O psicólogo disse: “A minha aula foi errada ou foi certíssima?”. O psicólogo se opunha a uma mulher menor, “suja”, que “não pensa no que diz”. A mulher menor escrevera poesia dizendo que era infeliz. “Por que você não é feliz?”, gritara o médico. A louca desceu na Vergueiro. “Por que você não é feliz!”.

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