A dualidade de certo ideograma chinês que diria ao mesmo tempo crise e oportunidade (uma interpretação do signo que se popularizou no Ocidente e, me avisa a Wikipedia, é incorreta) transparece em A Cidade Mágica, de Edith Nesbit: — Muitos invasores?! — a resposta veio quase com desdém. — É exatamente esse o caso: nunca houve outro até agora. […]
Sinédoque São Paulo
[texto publicado originalmente no Digestivo Cultural] O espetáculo está acontecendo agora: olhe à sua volta. Ao passo em que você atravessa a rua da avenida movimentada, entra na fila da lanchonete para o seu lanche usual, por acaso levanta os olhos do livro ou celular para espiar o mundo — está acontecendo. Corpo_Cidade_Rotinas, peça dirigida por […]
O Olhar das Bruxas: Quatro Versões de ‘Macbeth’
[texto publicado originalmente no Digestivo Cultural] Pelo assassinato empreendido por Macbeth, protagonista da peça shakespeariana que leva o seu nome, o caos fez sua obra-prima. A descrição é feita por aquele que será o carrasco do criminoso, Macduff, frente ao corpo esfaqueado do seu rei. Todavia, o que é dito nessa frase se espraia para além […]
Redescobrir as palavras, reinventar a vivência
[texto publicado originalmente no Digestivo Cultural] A alteridade como viagem, a linguagem como descoberta, eis os dois núcleos de Sem Vista Para o Mar, obra de estreia da escritora Carol Rodrigues, considerada o melhor livro de contos do ano tanto pela Biblioteca Nacional quanto pelo prêmio Jabuti – neste último, tendo concorrido com nomes já estabelecidos […]
Bailarinas e Animais
A mesma cena ou tema em duas representações: [“Circo”, Antonio Osório; link] “E por uma contorcionista,Que torturava o corpo,apaixonei-me: enredada em mim,como serpente, estava a sua alma.” [“Dangerous Animals”, Arctic Monkeys; letra; música] “When the acrobat fell off the beam she broke everyone’s heart. (…) She makes my head pirouette more than I would be willing […]
Reencontrar-se no Outro
Em um poema sem nome, Ana Martins Marques diz: “é bom encontrar uma vez ou outra pessoas que conhecemos na infânciaé bom nos esforçarmos por um tempopara parecer com a lembrança delas (…)” [“A Sereia e o Centauro”, Ana Martins Marques, revista piauí, nº100, janeiro/2015] O deslocamento de subjetividade sugerido nos versos deste poema foi […]
Gogol Acumulador
[Almas Mortas, Nikolai Gogol, páginas 146-150, Nova Cultural, 2003] Encontrei um acumulador no Gogol (fica a dica para a Discovery): “Tchítchicov entrou no vestíbulo amplo e escuro, do qual soprava um bafo frio, como dum porão. Do vestíbulo, passou para um aposento, também escuro, parcamente iluminado por uma luz que se filtrava através duma larga […]