Reconheçamos que os nenéns desenvolvem palavras sem precisão de língua ou que edificam uma língua com algumas poucas palavras. É um processo constatável já nos primeiros meses: entre vocalizações soltas, algumas se condensam e se dotam de frequência (mas por que fazemos essa oposição repetição vs som desgarrado? Porque é como funcionamos; mas nada impede que os bebês criem palavras de um uso só, linguagem de ecceidades). Não se trata de “papai” tampouco de “mamãe”, essas não são as primeiras palavras de ninguém. Quais seriam elas então? Na medida em que só os bebês são indivíduos, isso depende de cada um. E têm vida curta, esses idiominhas: afloram, se balançam na rede de sentidos e partem pra outra, trocam de pele num zás, trocam até a cobra inteira. Seja como for, o método para pegá-los no pulo é ter em mente a regra: onde há retorno, há sentido, estrutura e variação. Aliás, vê-se isso nesta montoeira de texto: vamos e voltamos.

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