Quer conversar ou quer pular?

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Um trecho de Honra Teu Pai, do jornalista americano Gay Talese. O mafioso Bill Bonanno, logo após sair de um período de três meses na prisão, conta à família sua experiência e cita essa história:

Alguns caras ficavam realmente deprimidos naquele lugar”, continuou Bill. “Principalmente os viciados, e havia muitos. Houve também uns suicídios enquanto estive lá. Uma noite um porto-riquenho subiu numa banqueta, passou o cinto em torno do pescoço, prendeu a ponta no teto e disse ao companheiro, que estava jogando paciência, que não queria que ele chamasse ninguém ou tomasse nenhuma providência. O camarada desviou os olhos do baralho e disse: ‘Não se preocupe’. O sujeito na banqueta estendeu o cinco, esperou uns momentos, olhou outra vez para o companheiro e disse? ‘Não vá cortar o cinto’. O cara que estava jogando paciência se irritou e disse: ‘Escuta, você quer conversar ou quer pular?’. O sujeito pulou. Depois que morreu, o companheiro chamou os guardas.

A passagem nas páginas 154-155 da edição da Companhia das Letras.

Como entender a atitude do homem que joga paciência? Trata-se só de indiferença? Ou ele apenas respeitou, tal como se lhe apresentara, a vontade do outro?

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