Podemos dizer que são possíveis línguas de uma só palavra. O que implica culturas para cultivá-las. Seriam possíveis povos que tivessem só um vocábulo? A antropologia registra, se não me engano, uma nação que conta um, dois, três – e muitos. Prescinde de mais. O quatro não lhe foi necessário; o mil, cento e vinte e três, muito menos. Nada impede, assim, que houvesse outra que contasse só até um. (O que essa aritmética faria de Plotino, do qual a menina dos olhos é o Uno [em Agostinho, que se nutre de Plotino, é o menino Jesus dos olhos]? O um não poderia ser monopólio da divindade; seria prosaico e aplicado.) Portanto, podemos imaginar a terra de uma palavra só, onde vive… o Povo do Sim? Que, assistindo ao voo da ave, quando ela plana, se cala, mas, no bater da asa, deduz: “Sim”. Que, confrontado com a morte, vê que aí só cabe mesmo o silêncio. Mas, ao avistar um bebê que nasce, descobre: “Sim”.

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