Homens Pink: Entender a si, o outro, a sociedade

Reportagem

Publiquei no site do Itaú Cultural uma entrevista com o ator, diretor de teatro e documentarista Renato Turnes — um dos criadores da companhia La Vaca —, sobre o processo de criação do espetáculo e documentário Homens Pink, cujo tema central é o envelhecimento pela ótica de homens gays. Para elaborar o projeto, Renato parte tanto de depoimentos que recolheu de indivíduos dessa faixa da população quanto de questionamentos que ele mesmo passou a se fazer sobre o seu passado e o seu futuro; com 45 anos, vê-se em uma idade intermediária. A partir disso,

“comecei a me lembrar de pessoas que, na minha juventude, quando comecei a sair, a frequentar os ambientes gays, já eram caras mais velhos e a pensar: onde elas estão? Por que essas pessoas desaparecem?”. Essa “invisibilização gradual”, aponta Renato, não apenas é uma “característica de como a nossa sociedade trata o envelhecimento”, como também depõe em particular sobre uma mentalidade que ele percebe no meio LGBT: “Sinto que existe na comunidade certa ausência de reverência, de memória e de respeito em relação a quem veio antes e abriu os caminhos para o pensamento identitário”.

Significativos os passos que ele atravessa: de uma avaliação individual, recupera personagens da sua memória, identifica algumas tendências sociais e daí se volta outra vez ao individual, agora de forma plural, nas entrevistas que fez. Parece estar implícito aqui que entender a si é entender o outro e é entender a sociedade. Entendimento que não deixa de entrever a possibilidade de uma ação política. Isso transparece também nesse outro trecho:

O que guia o contato com essas falas é o desejo de “entendê-las e respeitar seus pontos de vista – que muitas vezes são diferentes dos de uma pessoa LGBT jovem, porque [os entrevistados] foram moldados em outra época, com outro tipo de visão”. Com essa preocupação procura-se, diz o diretor, deixar aberto o espaço de diálogo – ato que, ele ressalta, tem um potencial político, que é o “de entender a nossa história como comunidade, enfatizar a irmandade. Quem é do meio sabe como somos divididos”.

Criar arte é compreender a si e é compreender o outro e é intervir socialmente? Essa linha está dada em Homens Pink.

Leia a reportagem completa.

 

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