“On Historicizing Epistemology”, Hans-Jorg Rheinberger

Leitura em atualização

Capítulo 1 — Fin de Siècle

Discussão do impacto, sobre a filosofia e a história das ciências, dos autores Emil Du Bois-Reymond, Ernst Mach, Émile Boutroux, Henri Poincaré, Wilhelm Dilthey e Otto Neurath. Du-Bois Reymond abre uma polêmica com a concepção mecanicista do mundo, indicando sua incapacidade de dar conta da realidade, seja por não poder fundar seus conceitos básicos, seja por não alcançar a explicação do social e do psicológico; esse pensador evidencia a ignorância incontornável da ciência e os conceitos como “ficções muito úteis”. Mach dá a essa aporia uma solução defendendo um caráter sempre incompleto e sempre em construção da ciência. Boutroux ressalta a contingência — o “espaço de indeterminação” entre nossas ferramentas para captar a realidade e a realidade ela mesma; essa contingência tanto lembra o alerta de Du Bois-Reymond quanto funciona como motor para o desenvolvimento científico, ecoando Mach. Poincaré se contrapõe ao convencionalismo — a ideia de que os conceitos são meras convenções (ou “ficções muito úteis”) — indicando que relações concretas no mundo são descobertas e se tornam posse perene do saber, mesmo que sejam descritas com outros termos ou captadas na interação de outros elementos por novas teorias; as leis não são convenções somente porque se evidenciam verdadeiras — mesmo que os discursos teóricos que as tenham trazido se tornem obsoletos, outros retomarão essa verdades conquistadas no seu bojo. Dilthey fala dos conceitos como ferramentas que operam dentro de um sistema. Otto Neurath busca renovar a história das ciências, dar a ela um método (inspirado pelos sistemas de classificação da biologia e da química), que consiste em compreender as bases lógicas das ciências em questão, os elementos que ela seleciona e exclui e a sua inclusão, enquanto vertente de ideias, na história das ideias mais ampla. Ele passa, assim, de uma história das ciências meramente informativa (registro de datas e nomes etc) para outra que comporta uma visada epistemológica.

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